Após o latrocínio
feliz, conta o dinheiro
As oito pestes vão ter natal
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Ostracismo
em seu ostracismo o animal vaga
vagueia por deserto de almas
pela aridez de corpos
expulso de seu bando a que nunca pertenceu
destituído como o alfa que supunha ser
até as fêmeas lhe negam coito
ou a continuidade da espécie
seu uivo tornou-se estranho a todos
o animal vagueia
e não procura por outras matilhas
pois será recebido com rosnados e caninos proeminentes
e terá de cometer o erro de recordar-se com afeto de seu antigo bando
então vagueia
vagueia por deserto de almas
pela aridez de corpos
expulso de seu bando a que nunca pertenceu
destituído como o alfa que supunha ser
até as fêmeas lhe negam coito
ou a continuidade da espécie
seu uivo tornou-se estranho a todos
o animal vagueia
e não procura por outras matilhas
pois será recebido com rosnados e caninos proeminentes
e terá de cometer o erro de recordar-se com afeto de seu antigo bando
então vagueia
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Hai-kais tortos
Um balançar de rabo
e um ronronar:
Eis toda a gratidão do mundo
...
O andar do gato
seu rabo levantado
violinos em pizicato
...
Olhinhos trocados
Seu mais belo detalhe
a siamesa
...
O olhar triste da princesa
de quatro dias de espera
pela dona que não virá
O cheiro de naftalina
e os rebocos caídos de minhas lembranças
encobrem a tímida festa senil do fiel amigo
...
Por que insistimos em escrever
onde os gatos querem dormir?
e um ronronar:
Eis toda a gratidão do mundo
...
O andar do gato
seu rabo levantado
violinos em pizicato
...
Olhinhos trocados
Seu mais belo detalhe
a siamesa
...
O olhar triste da princesa
de quatro dias de espera
pela dona que não virá
...
O cheiro de naftalina
e os rebocos caídos de minhas lembranças
encobrem a tímida festa senil do fiel amigo
...
Por que insistimos em escrever
onde os gatos querem dormir?
domingo, 3 de outubro de 2010
Súplica ao trovão há tanto temido
Deus é amor
Há muito não creio em deus
Ó deus que não creio
Não me deixe descrer do amor
Há muito não creio em deus
Ó deus que não creio
Não me deixe descrer do amor
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Amor: instinto
Aqueles que tanto amavam
Enlouqueceram
E aqueles que tanto falavam de amor se calaram
Cederam suas primaveras
ao cair de folhas amarelas
Nesse instinto de amar sou mentiroso
Assim dizem os que enlouqueceram
e os que nada mais falam de amor
Acredito neles ou minto
eu pra mim mesmo
que amor não é instinto?
Enlouqueceram
E aqueles que tanto falavam de amor se calaram
Cederam suas primaveras
ao cair de folhas amarelas
Nesse instinto de amar sou mentiroso
Assim dizem os que enlouqueceram
e os que nada mais falam de amor
Acredito neles ou minto
eu pra mim mesmo
que amor não é instinto?
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Alfa
Já não me chamo mais cordeiro
Aprendi tarde a mostrar meus caninos proeminentes
Mas agora o faço acompanhado de um rosnado aterrador
Assim invadam meu território
Ameacem minha matilha que é apenas apenas
Eu, alfa de mim mesmo e de todas as minhas convicções
Aprendi tarde a mostrar meus caninos proeminentes
Mas agora o faço acompanhado de um rosnado aterrador
Assim invadam meu território
Ameacem minha matilha que é apenas apenas
Eu, alfa de mim mesmo e de todas as minhas convicções
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Hai-kai sobre espécies
Nem um bom dia ao vizinho
mas a todos os cães e gatos da rua
a calorosa saudação em falsete
mas a todos os cães e gatos da rua
a calorosa saudação em falsete
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Interlúdio: Caos no Universo Animal
Entropia
Penso
Logo creio ser dotada de cueldade à maneira de nosso livre arbítrio coletivo
Caos
Creio
Logo penso tratar-se de uma praga
Um castigo infligido por um desses deuses sempre dotados de crueldade
Axioma
Não se refuta
Dogma
Não escrito nem louvado de joelhos e mãos postas
Caos
O tempo seu senhor
Somos pois escravos do escravo
Nossa humilhante condição de subjugo à destruição constante que se arrasta desde a sopa primeva
O estigma do caos
No mais simples código genético
Nós, as bactérias
Nós, os plânctons
Nós, os girinos
Répteis, aves
Mamíferos-sapiens
Todos carregamos o estigma
Chagas que sangram no pulso e vertem água do peito
Mas que estigmas?
É o fato, sem versões
Sem figuras rupestres ou de linguagem
O que são essas figuras se não um nada
Racionalizações que são nada
Como a contagem de tempo que não passa
Vê-se apenas seu rastro
Seu passar silencioso e devastador
Mas o tempo passa
O tempo passa?
Nós passamos?
Ou é o caos na sua jornada?
Entropia
Penso
Logo creio ser dotada de cueldade à maneira de nosso livre arbítrio coletivo
Caos
Creio
Logo penso tratar-se de uma praga
Um castigo infligido por um desses deuses sempre dotados de crueldade
Axioma
Não se refuta
Dogma
Não escrito nem louvado de joelhos e mãos postas
Caos
O tempo seu senhor
Somos pois escravos do escravo
Nossa humilhante condição de subjugo à destruição constante que se arrasta desde a sopa primeva
O estigma do caos
No mais simples código genético
Nós, as bactérias
Nós, os plânctons
Nós, os girinos
Répteis, aves
Mamíferos-sapiens
Todos carregamos o estigma
Chagas que sangram no pulso e vertem água do peito
Mas que estigmas?
É o fato, sem versões
Sem figuras rupestres ou de linguagem
O que são essas figuras se não um nada
Racionalizações que são nada
Como a contagem de tempo que não passa
Vê-se apenas seu rastro
Seu passar silencioso e devastador
Mas o tempo passa
O tempo passa?
Nós passamos?
Ou é o caos na sua jornada?
Entropia
sábado, 4 de setembro de 2010
Espécies
Ah, a comovente posição de dormir do gato!
Mais comovente é saber que após o sono
Ele não pensará em nada
Andará, caçará, lamberá as patas sem pensar em nada
Limpará seu cu com a língua sem pensar que isso é algo feio, nojento e imoral
Subirá nas árvores e sequer imaginará que também o leopardo assim o faz
Cobrirá uma gata junto a uma horda de outros gatos
Que também não pensarão ter encontrado seu único e verdadeiro amor
Ao final de tudo
Ele voltará a dormir em outras posições igualmente comoventes
E não pensará nisso também
Mais comovente é saber que após o sono
Ele não pensará em nada
Andará, caçará, lamberá as patas sem pensar em nada
Limpará seu cu com a língua sem pensar que isso é algo feio, nojento e imoral
Subirá nas árvores e sequer imaginará que também o leopardo assim o faz
Cobrirá uma gata junto a uma horda de outros gatos
Que também não pensarão ter encontrado seu único e verdadeiro amor
Ao final de tudo
Ele voltará a dormir em outras posições igualmente comoventes
E não pensará nisso também
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Homem Feito
Aprendi com todos os medos
Fui moldado pelo meio
Cumpri meus anos de desenvolvimento cerebral
Agora busco novas conexões para minhas sinapses
Cerquei-me de todo o nada disponível
Do mais fútil ao indispensável
Engordei miseravelmente nas delícias do fazer mínimo propiciado pelo uso de ferramentas
E pensei poder fazer tudo
E nada fiz, enfim.
Fui moldado pelo meio
Cumpri meus anos de desenvolvimento cerebral
Agora busco novas conexões para minhas sinapses
Cerquei-me de todo o nada disponível
Do mais fútil ao indispensável
Engordei miseravelmente nas delícias do fazer mínimo propiciado pelo uso de ferramentas
E pensei poder fazer tudo
E nada fiz, enfim.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Hai-kai para a ninhada
veja aquele pequeno homem
já um grande fingidor
nem lágrimas nem dor em seu choro convulsivo
já um grande fingidor
nem lágrimas nem dor em seu choro convulsivo
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Reino humano
Ah! humanidade
Quanta banalidade
E parece haver somente banalidades
Mesmo aqueles intrincados sentimentos parecem ser tediosas formalidades que devem ser cumpridas
Como quem assina as cinco vias coloridas e entrega no guichê ao lado
Quanta banalidade
E parece haver somente banalidades
Mesmo aqueles intrincados sentimentos parecem ser tediosas formalidades que devem ser cumpridas
Como quem assina as cinco vias coloridas e entrega no guichê ao lado
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Interlúdio: O tempo no mundo animal
É hoje
Todos os tempos
São
Nascerei, morri. E entre eles vivo, vivi, viverei?
Nasço, vivo e morro exatamente agora, neste instante
Preciso como somente ponteiros parados podem ser.
Este amanhã que é agora
Esse passado que me torna
São tudo ao mesmo tempo: ontem, futuro. Agora!
O presente eu pressinto
O futuro já vi, não minto
O passado? Eu passo.
E hoje
Exatamente hoje, neste instante trilionésimo (à quanta potência?)
Nasço e morro, mas não vivo.
Todos os tempos
São
Nascerei, morri. E entre eles vivo, vivi, viverei?
Nasço, vivo e morro exatamente agora, neste instante
Preciso como somente ponteiros parados podem ser.
Este amanhã que é agora
Esse passado que me torna
São tudo ao mesmo tempo: ontem, futuro. Agora!
O presente eu pressinto
O futuro já vi, não minto
O passado? Eu passo.
E hoje
Exatamente hoje, neste instante trilionésimo (à quanta potência?)
Nasço e morro, mas não vivo.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
Há algo tão sincero quanto os instintos animais
Fico com a sinceridade do café
Que jamais nega que é frio ou quente
Mesmo que invariavelmente pelando
Fico com essa sinceridade que nunca seremos
Mesmo a grande verdade, qualquer que seja a verdade,
É um embuste propalado por qualquer um
Que não demonstra um tique, um tremor sequer
Nada que revele nosso eterno blefe
Que jamais nega que é frio ou quente
Mesmo que invariavelmente pelando
Fico com essa sinceridade que nunca seremos
Mesmo a grande verdade, qualquer que seja a verdade,
É um embuste propalado por qualquer um
Que não demonstra um tique, um tremor sequer
Nada que revele nosso eterno blefe
sábado, 21 de agosto de 2010
Natureza Selvagem
Meu corpo me abandonou
Minhas memórias me abandonaram
Meus sentimentos, minhas vontades...
O sonho do vento glacial bate em meu rosto
Seu som copioso que ninguém cala
Porque não haverá ninguém para calar
Seremos
Eu
Frio
Vento
Branco
...
Haverá alguma natureza
Que seja a minha natureza
Que seja selvagem
Minha natureza
Que castigará meu corpo que se foi
Que desprezará as memórias que se foram
Meus sentimentos, minhas vontades
Serei instintos
Que abandonamos, desprezamos
Por tão pouco, veleidade
Minhas memórias me abandonaram
Meus sentimentos, minhas vontades...
O sonho do vento glacial bate em meu rosto
Seu som copioso que ninguém cala
Porque não haverá ninguém para calar
Seremos
Eu
Frio
Vento
Branco
...
Haverá alguma natureza
Que seja a minha natureza
Que seja selvagem
Minha natureza
Que castigará meu corpo que se foi
Que desprezará as memórias que se foram
Meus sentimentos, minhas vontades
Serei instintos
Que abandonamos, desprezamos
Por tão pouco, veleidade
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Três uivos de um animal ferido
Ondas derrubam meu corpo de braços vazios
Lembro que você os preenchia
Pensava eu que onda alguma nos levaria
Por que esquecer tanto amor?
Obedeço à razão que nos manterá vivos, mesmo sem amor
E o que é vida sem amor?
Há um calor nessas lembranças
Um tato mais tangível que o fato
Memórias na memória
Que acolhe apenas lindo céu matinal de um ameno sábado
Lembro que você os preenchia
Pensava eu que onda alguma nos levaria
Por que esquecer tanto amor?
Obedeço à razão que nos manterá vivos, mesmo sem amor
E o que é vida sem amor?
Há um calor nessas lembranças
Um tato mais tangível que o fato
Memórias na memória
Que acolhe apenas lindo céu matinal de um ameno sábado
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