domingo, 18 de setembro de 2011

Por um acaso, todas as suas memórias foram apagadas
Eu que jurei esquecer por mim mesmo, jamais o fiz
Jamais contei com a sorte do acaso
Também não quis essa sorte
Sempre deixei pelo menos uma centelha que abanava em tempos frios como esses
Eis que, não por acaso, tudo se apagou
Eis que até o calor de seus lábios se dissipou
E os meus que os tocaram tremiam,
Não de choro, mas de frio
Encaro o senhor do tempo e o pergunto:
Senhor do tempo e do caos de todas as coisas, há pouco aprendi que a tudo possuía e neste momento é o nada em minhas mãos?
Tremeu a fortaleza de aço e fúria
Onde a cada batalha erigia-se mais forte
Onde tudo era proibido: Palavras, afagos e até mesmo os mais secretos sussurros
(Certa vez, fora de seus muros, onde não havia ninguém, no lado que dá para o mar, escrevi na areia palavras proibidas. Percebendo minha ousadia, o mar tratou logo de apaga-las. Tornou-se um segredo entre mim e o mar.
Tudo ruiu
Aço, fúria e rocha vieram abaixo
Como tudo um dia vem abaixo
Assim diz o senhor do tempo e do caos de todas as coisas
E o que me diz agora?
Nada
Como o nada que me cerca
E que tudo parece, até com o tudo
Mas é nada
Que teima em se esvair ainda mais
O que me resta agora?
Monge sem religião
Lutador sem embates
O arrastar das horas que a tudo destrói
O aglomerado de pessoas que a tudo destrói
E tudo: o grande nada que me cerca
Mas não eu
Menos que nada, restou-me a centelha que tanto abanei, soprei e avivei
Antimatéria que a tudo consome
Inclusive o nada que sou eu
Não o que me cerca
O buraco negro que atrai até a luz com seu magnetismo-gravidade
Buraco negro é nada?
O que o faz tão poderoso?
Gravidade
Que draga todo o universo
Que torna tudo nada
Como suas memórias que agora são nada
Como o calor de seus lábios que agora é nada
Nada como a anti-entropia do abano, do sopro, do avivamento
Inútil pelejar contra o senhor do tempo e do caos de todas as coisas
Nenhum lutador é páreo
Nenhum monge em toda sua prece, meditação, jejum e espera alcança sua indulgência
O nada são respostas
Ditas. Explícitas ou em entrelinhas intricadas
Propaladas em silêncio
Respostas que o senhor do tempo e do caos de todas as coisas nos dá quando são outras as dúvidas